A RECONSTRUÇÃO DO NARIZ

Seguramente as primeiras "cirurgias" foram para reparação!Imagino os primeiros humanos,na luta por sobrevivência com a coleta e a caça,cuidando de seus pares,suas feridas e pestes.O quanto terá sido difícil pra eles entre erros e acertos( a mola  propulsora da evolução),na busca da cura,nunca saberemos.O fato é que  com o passar dos séculos pouca coisa teve tanto impacto na cirurgia como ciência como o desenvolvimento da anestesia na virada do século XX pois alavancou o desenvolvimento de técnicas sofisticadas.
Há vários relatos de cirurgias em praticamente todas as culturas;dos egípcios aos chineses,dos africanos aos nativos americanos.

Existe um ponto muito interessante nessa evolução:a reconstrução do nariz!.
Sabe-se que na Índia,entre os séculos III e IV,já eram usadas práticas como a amputação de narizes em condenados por crimes de vários tipos.Na região de Varanasi à beira do rio Ganges,aparece o "Pitanguy" da antiguidade conhecido como Sushruta(à esquerda).Ele desenvolveu um método de reconstrução do nariz eficiente e usado até hoje.Ele rodava uma parte da pele das bochechas ou da testa para cobrir o defeito existente.No ocidente ele foi reconhecido numa descrição de médicos ingleses em 1794 e logo sua técnica se espalhou por todo o mundo.

Outras descrições bacanas desse tipo de reconstrução apareceram na Itália no século XV pelos irmãos Branca na sicília,e por Gaspare Tagliacozzi(corta e costura em italiano!)de Bolonha,cerca de um século depois.Suas técnicas são baseadas no uso de pele dos braços para cobrir o defeito no nariz,através da imobilização do braço(para haver a "pega" do tecido) por algumas semanas.Tagliacozzi descreveu tudo num clássico da cirurgia plástica e mesmo da medicina intitulado"De Curtorum Chirurgia Per Insitionem" de 1597.(à direita).
Como está no livro do Eclesiástico,não há nada novo entre o céu e a terra!
Hoje,na era dos transplantes de face com microcirurgia,ainda essas técnicas com dezenas de variações e alguns retoques depois são amplamente empregadas!
Isso não é fantástico?
Um abraço,Mucio Porto.